Ser
Eu não sou essencialmente aquilo que sou
Eu sou aquilo que não digo, aquilo que não faço, aquilo que jurei que não faria
Eu sou a afirmação das negações.
Eu sou as ideias, a crença
Eu, de verdade, não existo
Eu sou o abstrato, o interior, aquilo que quanto menos se vê mais se encontra.
O que você me vê não é eu
Eu sou uma carga de sensações não filtradas, não julgadas, mas sou mais ainda o que sinto, o que questiono, o que transformo
Eu sou também um bando de coisas que não sei, consequentemente não sei dizer quem sou.
Eu sou esse bando de Eus, que se repelem e colidem, que se unem e se modificam, no constante movimento do Ser
E tudo isso se torna tão complexo por ser extremamente simples
Eu simplesmente sou.
A primeira vez que escrevi esse poema eu tinha 17 anos. Hoje, aos 30, achei que valia a pena revisitá-lo, afinal, sigo no constante movimento do Ser.