Moira
Sabe aquele sentimento universal de que, se fosse possível, qualquer um faria qualquer coisa para voltar no tempo?
Eu não sei.
Desculpa, é meio difícil entender o que os outros costumam sentir quando a sua própria mente funciona um pouco diferente. Eu nunca pensei muito para além do agora, até porque nem tinha o que pensar. Quando se sabe muito pouco sobre o passado, não existe devaneio. Não tem para onde ir.
Ultimamente eu tenho ido a diversos lugares. Fui até o início do fim (seria mesmo o início?). Fui para quando não consegui chegar (não estaria, então, perdido antes mesmo de começar?). Fui reviver a dor de perder o que mais amo (e não permaneço perdendo?). A cada dia o passado se apresenta a mim, pouco a pouco.
E, quanto mais eu mergulho nele, mais percebo que a ideia de passado como o que passou é fatalmente estúpida. O passado é o presente e o futuro e o futuro é o presente e o passado, então no fim é tudo presente. No fim, eu girei em torno de mim mesma.
Seria mais fácil aceitar que tudo isso é um esforço em vão, que eu não vou chegar a lugar algum.
Seria mais fácil ver a torre cair? O grito sumir? O sonho sucumbir?
Eu sou fatalmente estúpida.
Estúpida o bastante para lutar por quem eu amo.Eu vou estupidamente arrancar o destino pelos dentes, nem que o Destino seja Eu e no fim arranque um pedaço de mim mesma ou me divida em três.
Eu já arranquei um pedaço de mim mesma para salvar o que valia a pena.
Eu vou fazer de novo.
Eu fiz de novo.
Eu arranco um pedaço de mim e escrevo um novo futuro. Sei que o passado terá respostas sobre ele.
Rato é uma sluagh em um cenário de changeling. Ela não sabe muito bem quem é, mas quem sabe?